domingo, agosto 24, 2025

Estudo comprova o efeito anti-hipertensivo do óleo essencial do gengibre amargo

. Um estudo experimental com animais em laboratório demostrou que uma substância isolada do óleo essencial do gengibre amargo, planta de origem asiática, mas adaptada à região Norte, tem efeito anti-hipertensivo, ou seja, é capaz de reduzir a pressão arterial. A nova fase do estudo, investiga se a substância tem capacidade de reverter os danos causados pela hipertensão em órgãos alvos da doença, como o coração, os vasos sanguíneos e os rins.

 

. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo avaliaram a atividade biológica do óleo essencial e seu composto majoritário sesquiterpeno, sobre a função vascular, renal e metabólica em linhagem de ratos Wistar.

 

. O projeto “Avaliação da atividade biológica de Zingiber Zerumbet (L.) Smith sobre o sistema cardiovascular e renal em ratos normotensos e hipertensos” foi desenvolvido no Laboratório de Farmacologia Experimental do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e, amparado pelo Programa Universal Amazonas.

 

. O processo de extração, purificação, isolamento e caracterização química do produto vegetal foi realizado em parceria com o Laboratório de Bioprospecção de Produtos Naturais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), sob orientação do prof. dr. Carlos Cleomir de Souza Pinheiro, ainda com a colaboração da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto (SP), Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz-Amazônia).

 

. Em 2017, o estudo recebeu da Pró-Reitoria de Pós-Graduação em Pesquisa (Propesp) o prêmio de melhor dissertação da Ufam desenvolvida no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Imunologia Básica e Aplicada (PPGIBA).

 

Gengibre amargo – De acordo com o coordenador do projeto, José Wilson do Nascimento Corrêa, as doses testadas revelaram que o óleo essencial obtido dos rizomas (raízes) do gengibre amargo apresentaram efeito anti-hipertensor, com significativa redução da pressão arterial de ratos hipertensos (pressão arterial elevada), sem modificar a pressão arterial de ratos normotensos (pressão arterial normal), logo nos três primeiros dias de tratamento. Os estudos foram capazes de isolar o composto majoritário presente no óleo e, a partir daí, explicar como o efeito de redução da pressão arterial acontece.

 

. Os experimentos in vitro e in vivo demonstraram que o sesquiterpeno isolado, presente no óleo essencial, possui capacidade vasodilatadora sobre as aortas de ratos, ou seja, o efeito dessa substância parece estar associado à capacidade do composto em promover a dilatação dos vasos sanguíneos, isto é, aumenta o diâmetro do vaso, reduzindo a tensão provocada pela hipertensão na parede das artérias.

 

. Os resultados promissores do experimento podem vir a favorecer, futuramente, a utilização dessa substância por pacientes que sofram de doença cardiovascular, talvez como estratégia adicional para o tratamento da pressão arterial.

 

. “Cabe aos pesquisadores analisar a toxidade da substância, a ocorrência de possíveis efeitos adversos sobre o organismo e, definir a dose ideal a ser utilizada em um possível medicamento para o tratamento em humanos”, disse Corrêa.

 

Metodologia – Para avaliar a atividade biológica, in vivo, ratos Wistar machos foram divididos em dois grandes grupos: hipertensos e controle (pressão normal). O grupo hipertenso foi submetido a um procedimento cirúrgico para indução da hipertensão arterial e, o grupo controle passou por procedimento semelhante, exceto uma etapa e, portanto não desenvolveu a hipertensão. Os animais hipertensos e controle foram subdivididos em outros dois grupos, totalizando quatro grupos experimentais.

 

. Conjuntamente, os subgrupos de animais hipertensos foram tratados durante 21 dias, por via oral, com óleo essencial do gengibre amargo ou veículo (solução utilizada para diluir o óleo). Ratos do grupo controle (normotensos) não apresentaram alteração em sua pressão arterial, seja com o tratamento com veículo ou com o óleo essencial.

 

. Entretanto, ratos do grupo hipertenso que receberam apenas o veículo se mantiveram com pressão elevada, acima de 200mmHg, enquanto os ratos hipertensos que receberam o tratamento com o óleo essencial tiveram sua pressão reduzida ao nível dos ratos com pressão arterial normal (normotensos).

 

Importância do estudo – Indivíduos com hipertensão estão mais propensos a desenvolver problemas no do coração, vasos sanguíneos e rins. Eventualmente, isso pode contribuir com a disfunção e falência desses órgãos causando, por exemplo, derrames cerebrais, doenças cardiovasculares como infarto, insuficiência cardíaca (aumento do coração), angina (dor no peito), insuficiência renal ou paralisação dos rins e alterações na visão que podem levar à cegueira.

 

. Mesmo em tratamento, as pessoas podem necessitar da combinação de vários tipos de medicamentos para controlar a pressão arterial. O uso de vários fármacos pode contribuir com o aparecimento de reações adversas e interações medicamentosas que podem prejudicar ainda mais a saúde desses indivíduos, o que indica a necessidade constante de pesquisas e inovação nesta área.

 

. “Por este motivo, a nova fase de nosso estudo busca entender se o componente majoritário do gengibre amargo ou seu óleo essencial, ao atuarem diretamente sobre os órgãos, seriam capazes de protegê-los dos malefícios causados pela hipertensão”, explicou José Wilson.

 

Universal Amazonas – O programa tem o objetivo de financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado do Amazonas, em instituição de pesquisa ou de ensino superior ou centros de pesquisa, públicos ou privados, sem fins lucrativos, com sede ou unidade permanente no estado. A última edição do Programa foi lançada em junho de 2019.

 

FOTOS: Erico Xavier

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