A pandemia da Covid-19 causou um impacto devastador no Amazonas, levando-o entre os estados brasileiros com o maior registro de casos e óbitos pela doença. De acordo com os dados epidemiológicos atualizados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), o estado totaliza 429.084 casos notificados e 13.791 óbitos.
Com o avanço da vacinação no Amazonas, a queda no registro de novos casos pelo vírus vem sendo notada significativamente, elevando o impacto positivo desses indicadores para a importância de imunizar a população. Atualmente no estado, de acordo com os dados da FVS, 1.959.777 pessoas estão com o esquema vacinal completo, referente as duas doses.
Para entendermos melhor o atual cenário da pandemia no Amazonas, o site Conteúdo AM conversou com o infectologista Dr. Noaldo Oliveira de Lucena, para que ele pudesse nos explicar melhor e esclarecer algumas dúvidas sobre o que estamos vivendo e o que podemos esperar, confira:
Conteúdo AM: Podemos afirmar que a vacinação é um meio correto para iniciarmos o fim de uma pandemia?
Dr. Noaldo Oliveira: “As vacinas de modo geral, sempre são os meios mais eficientes e eficazes que a gente tem em termos de prevenção. O que a gente precisa falar sobre as vacinas, é que algumas são feitas, e a gente consegue isso, para que as pessoas não peguem mais a doença que aquele imunizante combate, o que não é o caso da vacina contra Covid-19, pois ela é uma vacina que não te impede de pegar a doença, mas, se você pegar, terá apenas quadros leves, que não chegam à gravidade e nem a óbito.”
Conteúdo AM: Na área técnica e pelos estudos científicos registrados, já se conversam sobre o período do intervalo de vacinação contra Covid-19?
Dr. Noaldo Oliveira: “Ainda não se tem certeza, mas provavelmente deverá vir a ser como a vacina da Influenza, uma vacina anual de reforço. Pois, como estamos falando de um retrovírus, que portanto varia bastante, a gente pensa nessa possibilidade de tempo, devido ao retrovírus se multiplicar com muita facilidade e criar novas variantes.”
Conteúdo AM: Qual a importância do avanço da vacinação?
Dr. Noaldo Oliveira: “O avanço é muito importante, é o que temos que considerar, pois, quando falamos de epidemiologia a gente fala que: as vacinas são efetivas a partir de 65% de uma população totalmente imunizada. Porém, não é o ideal, o que precisamos mesmo é que acima de 90% da população esteja vacinada, com isso a gente tem menos pessoas susceptíveis a pegar a doença, diminuindo a circulação do vírus, devido ao maior número de vacinados, e mesmo que ocorra contaminação pela doença serão poucos casos.”
Conteúdo AM: Teremos um momento em que diremos adeus ao uso das máscaras?
Dr. Noaldo Oliveira: “Eu acho que é precoce pensar nisso ainda, levando em consideração o número total de vacinados, pois devemos respeitar os prazos da primeira até a segunda dose, sabendo-se que estamos imunizados somente após 28 dias. Tendo outra consideração que é importante, que a gente não force o vírus a uma mutação como aconteceu aqui em Manaus.
Como é um vírus que ele vai se adaptando, vai mudando, se a gente não vacinar o mais rápido possível a população, ele vai sofrer mutações.
Então, para se pensar em flexibilização precisamos aumentar o percentual de imunização completa.
Lembrando ainda que, não utilização de máscaras é valido e considerado para um ambiente controlado, o que é diferente de você ir para um local com muitas pessoas, onde nem sempre a maioria está vacinada, o que pode causar a transmissão e proliferação da doença.”
Conteúdo AM: Devemos nos preocupar com o que está acontecendo na Europa, que vem registrando aumento de novos casos de Covid-19, podendo ocorrer igual aqui no Brasil?
Dr. Noaldo Oliveira: “A possibilidade é real, pois nós estamos falando de países onde as pessoas tem dificuldade de se aproximarem fisicamente, o que não é natural do latino, os latinos eles beijam mais, abraçam mais, o que pode ocasionar a transmissão. Mas neste caso, podemos levantar a questão de que: começaram a vacinar, mas a vacinação não atingiu os percentuais que epidemiológicamente é considerado seguro para evitar a transmissibilidade e o vírus fez uma mutação, começando a contaminar novamente as pessoas.”
Conteúdo AM: Após uma pandemia que devastou o mundo, quais as possíveis preocupações para futuros vírus?
Dr. Noaldo Oliveira: “O que sabemos a respeito disso é que, aproximadamente a cada 10 anos a gente vai ter alguma grande epidemia, e muito provavelmente serão causadas pelos vírus. Os vírus são uma das coisas mais terríveis do mundo da biologia, pela capacidade que eles tem em si multar, na sua grande maioria. Então, muito provavelmente teremos sim, outras coisas tão avassaladoras quanto.
Tem uma palavra chamada ‘Zoonose’, que é quando um vírus, uma partícula ou uma bactéria cruza uma barreira de espécie, ou seja, sai da animal e vem para humana. Como o sistema imunológico humano não é feito para o contato com esse tipo de agente, a probabilidade de determinar uma grande quantidade de disseminação e de quadros graves é real, como aconteceu com a Influenza, com a H1N1 e com a Covid-19.”