sexta-feira, dezembro 27, 2024

Esteira indígena grafitada por Raiz Campos ganha espaço em exposição em centro de artesanato no Rio de Janeiro

Considerado um dos nomes de representatividade do grafismo da região Norte, Raiz Campos leva a fusão do graffiti-grafismo à exposição “Trama Canoê”, que acontece no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro, no Rio de Janeiro. Até o dia 10 de fevereiro, a obra de Raiz segue exposta, compondo um conjunto histórico de outros artistas brasileiros.

A referida obra traz uma foto em homenagem ao Cacique Bina da etnia Matis, pintada com as técnicas da arte urbana em sintonia com a arte indígena em uma esteira de tupé, trabalhada pelos artesãos da Associação dos Artesãos de Novo Airão (AANA). Raiz conta que é a maior esteira indígena já pintada por ele, com mais de três metros de altura.

“A obra é um trabalho que já venho desenvolvendo com artesãos desde 2019, que traz a fusão da arte indígena e a urbana. Fiz um grafite em cima, com todo respeito, executando as técnicas do grafismo de forma transparente”. Segundo o artista, o trabalho valorizando os povos indígenas ocupa uma posição de destaque na exposição Trama Canoê.

“A arte ficou como um guardião, bem na entrada, bem valorizada. Para mim é uma honra, um sonho que estou realizando, desde 2018, pintando esteiras cada vez maiores”, disse o artista.

Carreira artística

A primeira exposição solo de Raiz com esteiras indígenas foi em 2019, na Galeria do Largo, Largo de São Sebastião, Centro de Manaus. Uma de suas obras, “Grande Cobra Canoa”, desenvolvida em tinta spray em esteira de tupé, segue exposta no hall de entrada do espaço cultural do estado.

Ainda no Centro, outro trabalho do artista pode ser observado no muro da rua 10 de Julho, que foi grafitado em homenagem à liderança nacional dos povos indígenas, o cacique Raoni Metuktire Kayapo. Diversos muros, espalhados pela cidade, levam a assinatura do artista que preconiza assuntos engajados com o desenvolvimento sustentável da Amazônia e a preservação da cultura indígena.

Um dos projetos de sua autoria, o “Muralizar: do Raiz ao Lana”, foi contemplado no edital “Prêmio Feliciano Lana”, do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, como parte das ações da Lei Aldir Blanc, em 2020.

O titular da pasta de cultura, Marcos Apolo Muniz, destaca que o trabalho de Raiz valoriza a arte urbana. “O grafismo manauara carrega a identidade do estado e dos povos originários. O Amazonas reserva muitos talentos que, com apoio do Governo do Estado, estão ocupando um espaço cada vez maior no campo cultural nacional e internacional”, revela o secretário.

A iniciativa contemplada pelo edital promoveu uma oficina colaborativa para revitalizar o Muro do Bispo, no município de São Gabriel da Cachoeira (distante 320 quilômetros de Manaus), além de oficinas sobre técnicas do grafite e muralismo.

Raiz acredita que, com os recursos dos editais, os trabalhos podem ser desenvolvidos prezando pela qualidade e mais abrangência. “Podemos chegar a mais pessoas que moram à margem da cena cultural. Incentivar as pessoas a buscarem o caminho da arte”, disse o artista, que nasceu na Bahia, mas ainda criança, morou na Vila do Pitinga, dentro da área indígena Waimiri Atroari, onde iniciou o grafismo.

FOTOS: Divulgação

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