Pensar a arte como o reflexo da cultura, da época e do ponto de vista de quem se manifesta artisticamente, é o mote do Podcast Memorarte. Um trabalho realizado pelo Centro Popular do Audiovisual (CPA) e pelo projeto Teatro na Rede que está sendo lançado no encerramento de 2020 nas redes sociais e streamings de música. As entrevistas foram feitas com Graciene Siqueira, Nereide Santiago, Roberto Kahane, Socorro Papoula e Otoni Mesquita.
Entre os objetivos do projeto está o fomento do interesse do público sobre as artes e a história cultural do Amazonas, além do registro para a posteridade de aspectos pouco conhecidos desse cenário. Allan Gomes e Dinne Queiroz têm trajetórias no campo artístico e de pesquisa, ambos tendo feito pesquisas de mestrado em áreas próximas. Dinne defendeu uma pesquisa sobre a história do grupo de teatro TESC pela USP em 2020, e Allan pesquisa a história das salas de cinema no Amazonas no início do século XX pela UFF.
Com produção realizada entre novembro e dezembro de 2020, o podcast Memorarte prepara o lançamento dos primeiros episódios ainda esse ano. “Nós fomos contemplados no edital Conexões Culturais Manaus – edição lei Aldir Blanc para produzir quatro episódios de 30 minutos, mas percebemos que o material captado poderia render mais, então nesse primeiro prazo estamos entregando quatro episódios em formato de bate-papo, e já planejamos iniciar o próximo ano com mais cinco episódios em outro formato, mas próximo do narrativo, com as pessoas que gravamos nesse final de ano”, detalha Allan Gomes.
O foco do trabalho foi o registro de determinadas vozes significativas da produção cultural amazonense. Dinne Queiroz reflete sobre o trabalho realizado: “Nós ficamos impressionados em quantas histórias e fatos surgem dessas conversas. Mesmo eu já tendo realizado uma pesquisa de mestrado sobre teatro, identifiquei coisas que não foram registradas em outras fontes que acessei nas minhas pesquisas. A história oral é rica em abrir novos caminhos e possibilidades de pesquisa”.
O podcast Memorarte visa produzir conteúdos voltados à discussão de arte e cultural no Amazonas, trabalhando a partir da intersecção das diversas linguagens na perspectiva cultural. Os conteúdos com cerca de 30 minutos de duração serão disponibilizados em diversas plataformas digitais, como Soundcloud, Youtube e Anchor (vinculado ao Spotify), para difusão e ação formativa a estudantes, artistas e interessados em geral. Uma forma de manter viva a memória artística da cidade de Manaus e projetar nomes importantes da história cultural. Além das cinco entrevistas selecionadas para a temporada inicial, foram mapeadas cerca de outras 20 pessoas para entrevistas futuras e continuidade do projeto.
Breve currículo dos entrevistados:
Graciene Siqueira – Jornalista, roteirista e professora do curso de jornalismo da Ufam em Parintins. Tendo passado por diversas editoriais em jornais da capital amazonense, chegou a ser editora do caderno de cultura do jornal O Estado do Amazonas. No cinema, realizou filmes de formatos populares em 1 e 4 minutos, além de ter escrito roteiros para outras obras. Em sua dissertação de mestrado Graciene fez uma pesquisa sobre a produção de filmes em suporte digital no Amazonas na primeira década do séc XXI
Otoni Mesquita é artista plástico, desenhista, professor, e comemorou em 2020, 45 anos de carreira, numa exposição comemorativa chamada “Arquiteotonicas”, no Centro Cultural Palácio da Justiça.. Participou de diversos movimentos da cidade e tem uma visão que atrela cultura, arte e patrimônio histórico.
Roberto Kahané é diretor e roteirista de cinema e teve participação nos movimentos de cineclube que agitaram Manaus na década de 1960. Recebeu prêmios por seus trabalhos documentais e foi o responsável por redescobrir a obra fílmica de Silvino Santos. Sua história também se funde com o teatro ao transformar a peça “Como cansa ser romano nos trópicos” do Teatro Experimental do SESC no longa metragem “Como cansa ser romano nos trópicos ou Como não sabemos nada de nada da vida alheia”, de 1969 (nunca finalizado na pós produção).
Nereide Santiago é diretora, dramaturga, professora e pesquisadora teatral e fundadora da companhia teatral A RÃ QI RI, com 28 anos de trajetória. Possui uma extensa pesquisa sobre o dramaturgo gaúcho Qorpo Santo, organizado em trilogias, também teve seus textos encenados e publicados como “A busca”. Iniciou sua trajetória no Teatro Aliança Francesa, trabalhando com nomes como Selda Vale, Haydee Cohen e Nonato Tavares. É uma das encenadoras de referência da região.
Socorro Papoula é atriz, pedagoga e militante feminista. Foi a primeira presidente do Conselho Municipal dos Direitos da mulher, foi coordenadora da Articulação de Mulheres do Amazonas (AMA), presidente da Federação de Teatro do Amazonas (FETAM), trabalhou no CPT (Comissão Pastoral da Terra), e integra o Partido dos Trabalhadores, dividindo-se na na organizaçõa feminista e nas ações culturais do partido. Suas pautas dialogam fortemente com as questões dos povos originários, ambientais e de luta da mulher.
Ficha Técnica do podcast Memorarte:
Pesquisa, entrevistas, apresentação e roteiro: Allan Gomes e Dinne Queiroz
Identidade visual: Luiz Almeida
Social Media: Thayssa Castro
Edição de som: Raphael Garcez
Locução das Vinhetas: Elen de Jah
Foto: Divulgação